A epidemia da aids não chegou de surpresa no Brasil. Acompanhando o cenário internacional, ela foi amplamente anunciada pela imprensa, mesmo antes da notificação dos primeiros casos no país.
Desde 1981, a doença foi apresentada e se tornou conhecida pela mídia, gerando uma epidemia de reações sociais, culturais, econômicas e políticas, tornando-se progressivamente parte da vida cotidiana. Esse fenômeno foi chamado por Herbert Daniel e Richard Parker de “Terceira epidemia”.
Frente a essa epidemia de informações e estigmas, desde 1983, começaram a emergir respostas do movimento homossexual brasileiro e de outras organizações da sociedade civil, articuladas com a imprensa, a academia e o serviço público.
A imprensa alternativa e os boletins de grupos organizados cumpriram um papel essencial de fonte de informações seguras, de troca de experiências e de produção de outras imagens para a aids.
Após quatro décadas de epidemia, as imagens da aids na mídia são plurais e contrastantes. Ao mesmo tempo, em que vemos permanências de estigmas dos anos iniciais, atualizados por novas ondas conservadoras, encontramos o debate da prevenção combinada e da emergência de imagens do orgulho positivo.
A denúncia da discriminação e a disputa de representações e narrativas é parte dos aprendizados da resposta a aids. As memórias vivas são formas de não desperdiçarmos essas experiências para melhor enfrentar desafios atuais, em especial em meio a pandemia da COVID-19.
Matheus Emílio Pereira da Silva e Remom Matheus Bortolozzi
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