A obra traz o conceito da filósofa Lélia Gonzalez e propõe reflexões sobre lugar de fala da mulher negra e ancestralidade afro-brasileira. “Pretuguês” se refere ao modo popular do brasileiro falar entendido como “erro” para a norma culta. Segundo Paulino, trazer a frase de uma pensadora negra como Lélia é oportunidade de discutir questões relativas ao racismo como o feminismo negro e a demonização dos elementos de poder ligados à cultura negra.
“A ideia da bandeira é de trazer elementos inerentes à cultura negra e, assim,
discutir questões relativas ao racismo como o uso – e demonização, por algumas
pessoas – dos elementos de poder ligados à cultura negra, como é o caso das
plantas de Axé, representadas pela Espada de Iansã, Orixá feminino de grande
força e presença na cultura afro-brasileira. Ao trazer a frase de uma intelectual
mulher, levantamos também a questão da presença e força feminina negra no país
nesse momento. Não seremos mais caladas. As palavras são a nossa força, daí o
modo como aparece simbolicamente como “arma”, como espada e lâmina no
formato da planta ritual que é a espada de Iansã”. Rosana Paulino
Para comemorar o hasteamento da bandeira, o MAR realizará uma programação especial. Na quarta-feira, dia 26, às 16h30, será realizada a Conferência “Desde o mar, uma missiva, um mapa: o corpo-mãe da narrativa de Um Defeito de Cor”, com a professora e pesquisadora Fabiana Carneiro da Silva que irá debater temas fundamentais presentes na exposição Um Defeito de Cor e na bandeira de Rosana Paulino, como feminilidade e negritude. Já na quinta-feira, dia 27, o hasteamento da bandeira será seguido de uma conversa entre a artista Rosana Paulino e a escritora Ana Maria Gonçalves com sessão de autógrafos, e de uma roda de samba nos pilotis do museu.
“Quando a gente convida Rosana Paulino para fazer a nossa bandeira,
estamos abrindo duas vertentes de reflexão: o pensamento em torno da posição
social de pessoas negras e racializadas na nossa sociedade e o lugar de fala onde
a mulher negra vai emitir sua opinião e construir seu pensamento e sua filosofia.
Nesse sentido, a nova bandeira do MAR simboliza um português não será o do
colonizador, mas sim o pretuguês. Essa bandeira, esse pretuguês é uma espécie de
ato político, porque é o lugar onde a mulher negra agora fala e onde ela se
posiciona”. Marcelo Campos
Além da bandeira inédita, Rosana Paulino possui obras na exposição principal do MAR, Um Defeito de Cor. A artista também foi a primeira mulher negra a ter uma mostra individual exposta no museu, com “Rosana Paulino: A Costura da Memória”, em 2019.
Conferência “Desde o mar, uma missiva, um mapa: o corpo-mãe da narrativa de Um Defeito de Cor” com a pesquisadora Fabiana Carneiro da Silva
Data: Quarta, 26 de outubro, às 16h30
Local: Auditório do 5º andar
Hasteamento da Bandeira
Data: Quinta, 27 de outubro, às 16h
Conversa entre Ana Maria Gonçalves e Rosana Paulino + Sessão de autógrafos
Data: Quinta, 27 de outubro, a partir das 16h30
Local: Pilotis
Roda de Samba “Canta, canta, minha gente”
Data: Quinta, 27 de outubro, a partir das 18h
Local: Pilotis
Museu de Arte do Rio — MAR / Praça Mauá, 5 – Centro